É com uma alegria imensa e muito orgulho que trago para vocês, no blog do International Crossdressing Club (ICC), a terceira edição da nossa série de entrevistas exclusivas, “Entrevista Real”. Hoje, temos a honra de compartilhar a história de um casal que nos inspira com sua coragem, autenticidade e amor incondicional: Sabrina e Domme Bee.
Se existe uma palavra que define essa conversa, é liberdade. Liberdade para ser quem se é, para amar além das aparências e para construir um relacionamento baseado no respeito mútuo. Sabrina, com mais de uma década de vivência como crossdresser, e Domme Bee, uma parceira inspiradora e cheia de compreensão, nos mostram como o apoio e a aceitação podem transformar vidas e fortalecer conexões.
Nesta entrevista, mergulhamos em momentos emocionantes e marcantes da trajetória das duas, desde os desafios iniciais até as conquistas compartilhadas. É impossível não se inspirar com a forma como enfrentaram os preconceitos e encontraram no crossdressing uma forma de celebrar a autenticidade da Sabrina e a cumplicidade entre elas.
Prepare-se para uma conversa cheia de aprendizados, emoção e muito amor. E acima de tudo, venha conhecer um casal que nos lembra diariamente da importância de sermos fiéis a quem realmente somos. 💖
Apresentação Individual
Gostaríamos que vocês começassem se apresentando, contando um pouco sobre vocês, suas histórias de vida e como o crossdressing entrou na jornada de cada uma.
Domme Bee – Sou companheira da Sabrina há 1 ano e meio morando juntas. Sou publicitária, trabalho em home office e amo escrever e viajar. Fui casada por 25 anos, muito feliz, mas meu marido faleceu. Tenho dois filhos adultos que não conhecem a Sabrina. Preferimos manter nossa privacidade assim. Sempre segui o lema “viva e deixe viver”: não me meto na vida deles e espero o mesmo. Liberdade e respeito são pilares para mim. Amo demais essa criatura. Costumo brincar que meu amor por ela não depende do gênero – seja homem, mulher ou até cachorro, vou amar do mesmo jeito.
Sabrina – Sou crossdresser há mais de 10 anos, e estamos juntas há 3 anos. Levo minha vida de rapaz separada da persona Sabrina; ambos têm seus espaços bem definidos, e gosto disso. Antes desse relacionamento, meu cross era tímido e reservado, mas tudo mudou ao conhecê-la. Foi uma transformação profunda, repleta de conquistas. Sigo muito feliz com tudo o que construímos juntas. É um privilégio ter uma esposa que me apoia integralmente nessa jornada.
Perguntas Individuais
Para Sabrina:
- O que o crossdressing significa para você? Como começou essa descoberta?
É a vivência de uma persona que existe dentro de mim, com seus próprios desejos e vontades. Desde criança, observava roupas femininas que me fascinavam, mas não entendia o porquê desse deslumbramento. - Teve um momento marcante em que percebeu que o crossdressing era essencial para você?
Sim. Um momento importante foi quando tentei me desfazer de todos os meus pertences ligados ao cross. Senti um pesar enorme, o que me mostrou que ser cross é uma parte intrínseca de quem sou. - Quais foram os maiores desafios que enfrentou ao assumir essa parte de sua identidade?
Sentir vergonha por achar que fazia algo moralmente errado. Até hoje, só compartilhei esse lado com pessoas que me apoiam de verdade. Ainda tenho receio de assumir publicamente. - Como você se sente quando está montada? Há uma transformação emocional ou mental?
É uma sensação única olhar no espelho e ver a transformação. É algo indescritível. Existe, sim, uma mudança emocional e mental: sinto-me outra pessoa, o que também reflete no comportamento e na forma de pensar. - Que conselho você daria para quem está começando no mundo do crossdressing e tem medo do julgamento?
Comece aos poucos, explore seus desejos sem culpa e reflita sobre o que isso significa para você. A culpa é um peso desnecessário nesse processo de descoberta.
Para Domme Bee:
- Como foi seu primeiro contato com o crossdressing da Sabrina? Foi uma surpresa para você?
Meu primeiro contato foi por foto. Com meu senso estético crítico, achei bem simples. Não foi uma surpresa, pois já esperava o que veria. Pensei: “Há um diamante bruto aqui para lapidar.” Depois de um tempo comecei a gostar dessa mocinha, até pedi ela em namoro, me ajoelhei e tudo. Preparei uma surpresa: deixei roupas novas, peruca e acessórios na cama, e fiz um jantar especial. - Como lidou com os sentimentos e dúvidas no início?
Sempre separei bem as duas personas da Sabrina. No começo, só estava construindo uma amizade. Me apaixonei primeiro pelo rapaz, depois pela Sabrina. - O que você aprendeu sobre si mesma nesse processo?
Aprendi que posso amar alguém independentemente de seus fetiches e desejos. - Você vê o crossdressing como algo que trouxe benefícios ao relacionamento?
Acho que tudo está conectado. Se ela não fosse cross, teria se apaixonado por mim? Não sei. Mas isso certamente fortaleceu nossa conexão. - Que conselho você daria para quem tem parceiros crossdressers e ainda está tentando entender essa parte da vida deles?
Veja a pessoa além da aparência física. Conectar-se com a essência de alguém, respeitando quem ela é, pode ser incrivelmente libertador.
Perguntas ao Casal
- Como vocês se conheceram? Foi amor à primeira vista ou uma conexão que cresceu com o tempo?
Nos conhecemos pelo FetLife. Eu (Domme Bee) criei um perfil para conhecer submissos, porque sou dominadora. Convidei a Sabrina para meu Instagram e, antes de encerrar o perfil, chamei quem quisesse me conhecer pessoalmente. Conheci primeiro o rapaz por trás da Sabrina. - Quando Sabrina sentiu que poderia compartilhar sobre o crossdressing com Domme Bee? Como foi essa conversa?
Desde o início, pela internet, já sabíamos das personas uma da outra. Eu como Domme e ela como Cross Sub. - Qual foi a maior barreira que enfrentaram como casal por conta do crossdressing? Como superaram juntas?
Sabrina tinha receio de aceitação a longo prazo, apesar de eu já saber sobre seu lado cross. Sempre fui muito clara: sou hétero e, se houvesse intenção de transição, não seguiríamos. Após esclarecer isso, criamos uma relação de confiança. - Como o crossdressing está presente no dia a dia de vocês?
Levamos uma vida de casal comum, mas dedicamos momentos especiais ao crossdressing quando sentimos vontade. Sempre pensamos na Sabrina ao fazer compras, é algo natural para nós. - As pessoas ao redor sabem sobre o crossdressing? Como lidam com isso?
Apenas pessoas de muita confiança sabem, mais pessoas do lado da Domme Bee. - Têm algum momento engraçado ou marcante para compartilhar?
A primeira vez que Sabrina dirigiu com unhas postiças foi hilária. Ela bateu de leve em uma pilastra no estacionamento e teve um chilique. Ri muito!
Relacionamento e Conquistas
- O que fortalece vocês como casal? Há algo que o crossdressing trouxe que vocês não teriam de outra forma?
Nossa relação começou com o cross. Ver a transformação da Sabrina e o quanto ela evoluiu fortalece nossa conexão, mas vivemos momentos como qualquer casal que divide o mesmo teto, os mesmos sonhos e preocupações, independente do crossdressing. - Qual é o maior triunfo da história de vocês até agora?
A sinceridade e autenticidade da nossa relação, sem joguinhos ou mentiras. - Têm algum sonho que querem realizar juntas? Como o crossdressing se encaixa nisso?
Já estamos realizando: viajando e vivendo o cross com liberdade, como em Paris, na Torre Eiffel. São momentos únicos de liberdade e ousadia.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer profundamente à Sabrina e à Domme Bee por compartilharem suas vivências e inspirarem tantas pessoas com sua história. Sua contribuição para o meio crossdresser é valiosa e fortalece a comunidade com mensagens de amor, respeito e aceitação. Obrigada por nos lembrarem que ser autêntico e amar com liberdade são as maiores conquistas que podemos ter. 💖
Respostas de 3
muito boas falas de Sabrina e Domme Bee. para nós é sempre bom conhecer um pouco da história de vida de pessoas que dividem conosco as mesmas experiências, assim não nos sentimos sozinhas ou em mundo a parte. Parabéns!
Um casal que se ama como deve ser, além das aparências e muito amor.
Além do sexo e aparência da pessoa, amar a essência.
É assim que todos os casais deveriam ser.
Adorei a entrevista. Encorajadora e cativante.